O Ministro para Assuntos Externos, Simon Coveney disse que a Irlanda aceitará pelo menos 100-150 refugiados do Afeganistão, mas que espera “muito mais” nas próximas semanas e meses.
Coveney disse ao Morning Ireland da RTÉ que refugiados afegãos sendo aceitos pela Irlanda, provavelmente priorizarão aqueles de organizações de direitos humanos e da mídia, mulheres e meninas, bem como familiares de cidadãos afegãos que moram na Irlanda.
O ministro disse que a Irlanda já aprovou 45 isenções de visto para pessoas que procuram fugir do Afeganistão para a Irlanda, com alguns deles ainda no país do sul da Ásia e outros no vizinho Paquistão.
Coveney também disse que o Departamento de Relações Exteriores tem conhecimento de 23 cidadãos irlandeses que estão atualmente no Afeganistão, dos quais 15 expressaram o desejo de deixar o país.
O ministro falava enquanto as tensões aumentavam no aeroporto principal de Cabul e milhares de afegãos e estrangeiros corriam para o aeroporto na esperança de escapar do país por um vôo.
As tropas americanas que antes protegiam o perímetro ao redor do aeroporto, atiraram para o ar na tentativa de conter a multidão, mas o número de pessoas invadindo a pista do aeroporto só aumentava.
Várias organizações estão relatando que várias pessoas morreram durante as cenas caóticas.
O Conselho de Segurança da ONU deve realizar uma reunião de emergência em Nova York às 15 horas, horário irlandês, para avaliar o desdobramento da situação humanitária no Afeganistão.
A Irlanda é membro do Conselho de Segurança da ONU desde o início deste ano e Coveney disse que grande parte da reunião de hoje será sobre como lidar com o que provavelmente será uma enxurrada de refugiados do Afeganistão.
“É uma época muito caótica e assustadora. O Afeganistão basicamente cedeu perante o Talibã, que são pessoas extremas e conhecemos seu histórico em termos de como tratam mulheres e meninas e a brutalidade do seu governo. Portanto, acho que há uma enorme incerteza e o Conselho de Segurança estaria tentando resolver isso ”, disse, Coveney.
“Podemos ter a certeza de que veremos centenas de milhares, senão milhões, de refugiados tentando fugir para países vizinhos como o Irã e o Paquistão. O Uzbequistão, o Tajiquistão e a ONU terão que tentar coordenar e financiar uma resposta a isso e certamente é aí que está o foco da Irlanda”, concluiu, Coveney.
“Esta é uma catástrofe de política externa, do tipo que não vemos há décadas. As consequências para um país de 38 milhões de habitantes são muito incertas agora. O ritmo com que isso aconteceu acabou pegando todos de surpresa”.
Falando sobre os cidadãos irlandeses no país, Coveney disse que o DFA está em contato com eles diretamente ou por meio das ONGs com as quais eles trabalham. Daqueles que querem sair do país, Coveney disse que alguns tiveram voos comerciais reservados, mas que foram cancelados.
Ele disse que a Irlanda está “coordenando com outros países da UE e também com os EUA, para tentar tirar nosso povo”, mas que não seria apropriado dar detalhes sobre esses planos.
Coveney acrescentou que a “catástrofe humanitária” provavelmente significará que a Irlanda aceitará um número cada vez maior de refugiados do Afeganistão nas próximas semanas.
“Mas suspeito que nos próximos dias e semanas teremos que fazer muito mais do que isso, porque esses números parecem muito pequenos, dada a escala da catástrofe humanitária que pode começar a se desenrolar nos próximos dias.”
Fonte: independent.ie